terça-feira, 9 de outubro de 2007

A Verdadeira Dualidade


Um dia desses, eu estava deitado e pensando em como eu deveria ser mais disciplinado e estudar para as provas que eu tinha na semana seguinte, ao invés de me distrair com coisas no computador, na TV ou com um livro. Nesse comenos, uma idéia perpassou minha mente.

O mundo costuma ser dividido entre bem e mal, o certo e o errado, o justo e o injusto, o branco e o negro, a luz e a escuridão, e todos os seus habitantes vivem em algum ponto dessa fronteira ou escala. Sim, é verdade que existem dois modos principais de enxergar essa divisão, a definida e gradual.

A dualidade definida diz que ou você faz parte dos homens bons ou dos maus, ponto. Se você pensar, falar e agir em prol do bem, você fica no lado certo. Se você só pensa em coisas boas, mas não as coloca em prática, sinto muito, seu lugar é junto com os que nada fazem nesse sentido e pensam coisas perversas. Os neutros não ficam no meio do caminho, mas se fundem às sombras que compõem a terra da perdição, pois quem não se manifesta contra as injustiças é omisso.

Quanto à dualidade gradual, como o próprio nome indica de forma lógica, existem dois extremos, onde poderíamos colocar, a propósito de explicação, Deus e o Mal Absoluto, ou demônio se vocês preferirem. Entre eles, existe uma longa faixa variando da brancura tão brilhante que é impossível olhá-la dos santos e santas que andaram no nosso mundo até um preto viscoso como piche, que causa repulsa e asco e cheira a um beco de uma metrópole às 3 da madrugada, como aqueles que só vêem o mundo como um antro de sujeira onde eles precisam se dar o melhor possível a qualquer preço.

Contudo, como eu disse, essa noite uma idéia me chamou a atenção. E se a verdadeira dualidade da vida humana for algo menos berrante, muito mais sutil. E se a verdadeira dualidade for entre as questões existenciais e a futilidade?

Durante o tempo todo, nós ficamos divididos entre fazer o que precisamos e nos distrair. Talvez seja isso mesmo, talvez nosso desafio seja nos concentrar e pensar naquilo que deve ser pensando - nas outras pessoas, no mundo decadente, nas questões da vida, do universo e tudo o mais.

Não sou exemplo a seguir... sempre me distraio, sempre procuro algo pra enrolar. Porém, acho que é algo a se pensar quando se está deitado em sua boa cama, olhando pro teto ou de olhos fechados, antes de dormir. Pensar em algo que valha a pena, algo além da mera boataria que nos cega o tempo todo, aquela bijuteria toda com seu brilho falso e pintura descascando. As verdadeiras jóias são mais difíceis de se encontrar, mas sua luz é verdadeira e dura pra sempre. Só precisamos mergulhar bem fundo nos pensamentos e, além disso, voltar pra superfície e agir, falar, mostrar o que encontramos.

Um comentário:

Anônimo disse...

na verdade, não acho que estar no meio dessa "dualidade gradual" é ruim se, realmente, se faz algo.
sei lá, eu acho que um pouco de futilidade não faz mal pra ninguém. mas só um pouco.