terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Menos do Mesmo

[Acho que gostei de usar imagens e colchetes no início do que escrevo. Prova da influência do #0, integrante da Troubleshooter.com.]


O tema do que escrevo hoje é, talvez, um pouco presunçoso, mas preciso de um jeito ou de outro. O que torna uma poesia ou poema bom nos dias de hoje?

Não é uma pergunta simples, na verdade, visto que os gostos de aproximadamente seis bilhões e meio de co-habitantes do nosso planeta não podem ser resumidos em três ou quatro parágrafos.

Ainda assim, podemos ter uma idéia, ainda que superficial, da causa que provoca o descarte de centenas de poemas escritos por aspirantes a Neruda ou Coralina todos os dias e que poupa apenas um ou outro da seca e pura obliteração.

Repudia-se, de início, a temática como causa. Poemas de amor, de intriga, de adoração à natureza, sobre o cotidiano e a vida no campo ou na cidade, sobre o milagre do nascimento ou o terror da morte existem há literalmente séculos e nunca deixaram de ser populares. Obviamente, será difícil encontrar um poema dedicado às pulgas da areia que seja um sucesso aclamado de público e crítica, mas, quem sabe? Se você realmente ama essas criaturas, vá em frente e escreva seu épico tão idealizado sobre a jornada de uma delas de volta para sua ilha natal, que dura dez anos, após uma guerra de iguais dez anos... Hummm... acho que já vi esse enredo antes... melhor mudar isso, amigo.

Poderia seguir analisando outros pontos, como formato e quantidade de palavras ou versos, mas esses devem ser igualmente relevados dada a natureza multíplice dos poemas e poesias.

Só resta então algo um tanto óbvio, mas em geral negligenciado: a originalidade, não da forma, mas do conteúdo. Sim, é lógico, como eu disse, mas aparentemente poucas pessoas se lembram disso. E novamente, não é à temática que me refiro. Meu objeto de pesquisa são as palavras e expressões lingüísticas em si.

"Torre sombria", "lábios doces como o mel", "olhos com estrelas", "sol do meu jardim", "olhos cruéis"... o que todas essas expressões têm em comum? Já foram vistas mil vezes e mais uma... cada uma delas já apareceu em dezenas de poemas e poesias desde as horas anteriores à primeira noite. E esses são apenas alguns poucos exemplos de que posso me lembrar em cinco, dez segundos de pensamento. Com um pouco mais de esforço, é possível inclusive criar um catálogo com essas expressões capaz de rivalizar em tamanho com a Bíblia.

Um poema que as utilize talvez, com muita sorte, boa vontade, público idiota e compensação em outros versos, possa chegar a ser tido como "bom". Mas não espere muito mais que isso, a não ser que seja objetivo explícito usá-los de alguma forma inovadora no contexto.

Essas metáforas revisitadas tantas vezes acabam destruindo uma poesia, independente da qualidade da história. O pior de tudo é que a impressão causada por elas, de falta de criatividade e originalidade, acaba determinando o fracasso posterior de futuras tentativas.

Portanto, se eu pudesse aconselhar alguém, seria assim: Pense bastante ao escrever cada verso. Releia seu poema e procure substitutos interessantes para as expressões que você acredita já terem sido usadas por outras pessoas várias vezes [algumas poucas vezes não faz tão mal]. Procure criar um estilo próprio, ainda que baseado numa combinação do estilo de outros poetas e poetisas. Tente surpreender com analogias inesperadas, mas ainda assim contundentes. A prática leva à melhora, então escreva sempre que puder, quando lhe vier uma inspiração especial.


Good luck and namasté!

4 comentários:

Soneca disse...

Sinceramente, acho que a poesia não está mais entre nós. Quer dizer, a poesia continua entre todas as coisas da vida, só o formato de poema perdeu sua utilidade. Foi o primeiro método para se contar histórias, é natural que acabe antes. A Arte é refelxo da realidade em que o artista vive, e na nossa realidade não há mais espaço para poemas. Tirando um ou outro Poeta reencarnado (sim, porque eles não podem verdadeiramente ter nascido nesta época), tudo que se produz atualmente é lixo. Entre o enorme desperdício de neurônios que foi o Parnasianismo à grande bobagem do Concrestismo e outros estilos MUDERNOS, só apareceu um Augusto dos Anjos, enquanto vários Olavos de Bosta surgiram aos montes. Por mim, seria melhor se deixassem os poemas descansarem junto ao pobre do Camões.

Unknown disse...

[estudante mode]
Bem se formos falar de poesia como um todos teremos que nos remeter aos gregos.. a Plãtão inclusive (feliz?), mas a questão não é essa não é mesmo?
[/estudante mode]

[alter-ego mode]
POESIA E COISA DE PALHAÇO VEADENHO! A UNICA COISA QUE HA E A MUSICA!!!!
[/alter-ego mode]

[troubleshooter mode]
Realmente... se em literatura essa repetição viciosa cansa imagine em poesi. Eu me prezo muito por não entender nada de poesia, mas respeito (ou finjo) quem gosta. O chato é que assim as pessoas enfiam esses cliches e até mesmo, porque não, jargões na pseudo-poesia e ficam se achando poetas.
Acho que tem alguma diferença entre Camões e qualquer fulano-dono-de-blog...
[/troubheshooter mode]


[ps mode]
Eu influencio alguém! Wheeeeee
[/ps mode]

Unknown disse...

Eu simplesmente EXIJO que o Yumejin-kun RETIRE esse comment
Pela quantidade de erros claramente se vê que eu estava bêbado (Mesmo tendo parado de Beber)

Yumejin disse...

Mr. 0... your request has been utterly denied... seria uma boa idéia você começar a acentuar as palavras com mais cuidado, ou teremos uma profusão de Plãtão, uhn?

Nada adequado a alguém com uma recompensa pela cabeça... dead or alive... mas, vamos esperar... espero que o valor suba.

Até a próxima visita, zero-kun.