domingo, 4 de novembro de 2007

A Sua Música

[Now playing: Titas - Sonífera Ilha
via FoxyTunes ]


Toda pessoa, geralmente falando, tem suas músicas prediletas. Suponho que seja raríssimos aquelas que tenham somente uma ou sequer alguma, então, para propósitos de discussão, ignoro os casos particulares, posto que a solução mais abrangente é a mais eficiente para didática.

Elas podem ser da mesma pessoa ou banda, do mesmo gênero musical ou de origens diversas e difusas. Podem ser músicas cujo nome você desconhece, um trecho apenas que você escutou na carona com um amigo ou aquela canção que sua mãe cantava com você quando todo o mundo se resumia ao quarto dela e o perfume da roupa de cama bordada com flores.

Independente de quaisquer fatores, algo não muda: entre as suas prediletas, haverá uma ou mais com as quais você se identificará ainda mais fortemente. Elas seriam as suas músicas ou, no caso de uma mais única ainda do que as outras, a sua música.

Eis que, na realidade, isso não passa de uma ilusão: uma música só define com perfeição os sentimentos de quem a compôs. É amarga a realidade, mas o que se há de fazer? A não ser que você componha uma para si mesmo, jamais existirá a música que lhe contenha.

O argumento contrário a isso, óbvio, é que existem músicas que, segundo Milton, "me pergunto como não fui eu que fiz". Porém, mesmo a música com a qual você melhor se relacione é adaptada pela sua mente para que você se reconheça ali. Talvez ignorar aquele verso sobre o ódio em relação ao mundo ou como sua mãe foi embora. No limite, tentar agir como o eu-lírico da canção. Não importa, aquele não é você e, não, aquela não é a sua música.

Bem-aventurados os artistas que podem fazer para si réplicas sonoras, escritas ou representadas. Amaldiçoados os artistas que nunca conseguem fazê-lo com perfeição e sempre buscam algo mais.

[Now playing: Rolling Stones - Sympathy For the Devil
via FoxyTunes ]

Um comentário:

Anônimo disse...

Li o de cima antes deste.


Errado de novo. Cuidado ao qualificar este tipo de coisa, de fato sua relação com a música é menos do que o necessário para entender o fenômeno da identificação de forma plena. Precisa-se vivenciar esse tipo de coisa, não simplesmente tentar entender.

No mais era isso mesmo, quanto a forma, vai ver hoje estou um tanto neurastênico.