terça-feira, 17 de abril de 2007

Carta de Partida

A quem interessar possa,

Existe uma boa razão para eu ter deixado de escrever coisas aqui nas últimas semanas. É um motivo, admito, um pouco fraco, mas não é tão tíbio a ponto de não merecer ser mencionado. A questão é que eu estava a me preparar para uma viagem um pouco longa.
Embora eu só tenha decidido o destino há poucas horas, sinto-me confiante pra partir, posto que viagens cujos rumos foram decididos nos últimos segundos costumam ser mais proveitosas do que aquelas muito planejadas, já que se parte sem saber direito aonde se chegará, sem criar expectativas grandes demais ou iludir-se com espetáculos de marionetes e manequins nas televisões e nos pôsteres.
De fato, eu já queria viajar desde o começo deste mês, só não sabia como fazê-lo e aonde ir. Os dois problemas principais resolvidos, restava-me apenas os preparativos óbvios para esse tipo de empreitada e tocar para a estrada, munido do que pudesse me ajudar e me manter bem, como livros e meios de escrever, visto que sou um que precisa dos livros, com o estilo de escrita de quem já se foi e de quem é, e de cadernos, para deixar marca do enxame de pensamentos que poucos ousam capturar em uma finas folhas de papel, visto que são como fogo, que não importa o momento, marcam e ferem de modo permanente.
Então, é isso. Escrevo outra vez quando chegar em meu destino. O fato é que o lugar é perto e longe ao mesmo tempo. Então, não sei quanto tempo demoro em rota.
Como foi que disse ele mesmo? "O que importa é a viagem, e não o destino"? Que seja assim, então. Ouvi dizer que é uma terra diferente da nossa pra onde vou, um lugar onde conceitos filosóficos modernos não chegarão jamais a ser explorados. A saber.
Até a próxima,

Um comentário:

Anônimo disse...

essa carta me lembrou um exercício de teatro que a gente fez uma vez no qual se imaginava uma praia com um vento muito forte. você estava voando na praia, em liberdade. aí você encontrava uma pessoa. e você voava de mãos dadas com essa pessoa. voava separada dela, mas com ela e... uma hora ela ia embora. e você a via se afastando, indo.
eu naõ gosto de despedidas. uma carta de despedida não deveria ser escrita. só traz lágrimas pra quem a lê. principalmente essa sem possibilidade de comunicação.
não que eu não tenha gostado do texto. gostei bastante. só achei bom deixar registradoq ue a angustia que essa carta me causou talvez tenha sido maior que a esperada.
=***