sábado, 4 de novembro de 2006

Dia de los Muertos

Uma pausa no Oroborosai para falar de algo que me interessa.

O Dia de Finados. Um dia criado para homenagens aos que já se foram. Por que as pessoas se dariam ao trabalho de criar um feriado para gente que nem aqui está mais?

A resposta mistura o simples com o complexo. As esferas da vida e da morte são gêmeas, ligadas em essência. E se existe algo que atormenta os vivos é a idéia de morrer. O medo de morrer.

Negue quem quiser, ninguém encara de bom grado a evidência de que vai chegar o dia em que simplesmente tudo vai desaparecer. Em um dia, respira-se. No outro, não.

Quem já viu um cadáver, sabe. Não existe algo mais estranho do que olhar para um morto e pensar que essa pessoa nunca mais vai abrir os olhos... nunca mais vai falar, vai respirar... nunca mais vai ter consciência de que existe.

Porém, essa não é a razão para o Dia de Finados. O motivo dessa data existir é a marca. A marca dos mortos. Um sinal indelével, mesmo que fraco.

A verdade é que ninguém jamais supera uma perda. Pode se acostumar com a idéia de nunca mais ver aquela pessoa, mas ainda sente um gosto amargo e as mãos tremem ao lembrar-se dos que se foram. Não importa quanto tempo passe, não importa a distância. Um filme, um anúncio em uma revista, uma música, um som... qualquer uma dessas coisas e muitas outras podem ativar essa memória. Dói.

A marca dos mortos faz parte da vida de qualquer ser humano. E o Dia de Finados serve para mostrar que você reconhece a existência dela.

Logo, a vida volta ao normal. Contudo, a marca dos mortos permanece ali, à espreita, aguardando aquela boneca velha no canto do porão, o presente de um Natal esquecido, o conhecido em comum. Ou ainda uma noite fria e escura, sozinho com seus pensamentos no quarto.

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